Casos de Uso do Método RTA por Fisioterapeutas no Brasil
O que é o Método RTA?
O RTA (Reequilíbrio Tóracoabdominal) é um método de fisioterapia que integra respiração e postura para melhorar a mecânica ventilatória e o alinhamento corporal. A abordagem reorganiza a ação dos músculos do tórax e do abdômen por meio de manobras manuais e exercícios específicos, favorecendo a entrada e saída do ar, reduzindo o esforço respiratório e promovendo conforto nas atividades do dia a dia.
É indicado em diferentes contextos, como doenças respiratórias, pós-operatórios torácicos/abdominais, alterações posturais, condições neurológicas e para quem busca prevenção e melhor desempenho funcional, sempre com plano individualizado e respeito ao ritmo de cada pessoa.
Fontes Científicas
Fibrose Cística (Doença Respiratória) – Artigo Científico
Histórico do caso: Estudo clínico realizado com 29 pacientes fibrocísticos (portadores de fibrose cística) acompanhados em um ambulatório especializado. Os pacientes passaram por sessões de fisioterapia duas vezes por semana, durante 4 meses, nas quais foi aplicado o método de Reequilíbrio Tóracoabdominal (RTA). Antes e depois do tratamento, foram avaliadas medidas de função pulmonar, incluindo pressões respiratórias máximas e espirometria, para verificar a condição muscular respiratória de cada paciente.
Resultados: Após o período de tratamento com o RTA, todos os pacientes apresentaram aumento da força dos músculos respiratórios, evidenciado por elevação da pressão inspiratória máxima e da pressão expiratória máxima em comparação aos valores pré-intervenção. O ganho de força foi significativo inclusive nos subgrupos de pacientes sem obstrução pulmonar e com obstrução leve (p < 0,05). Concluiu-se que o método RTA aumentou a força muscular respiratória nos fibrocísticos, reforçando a importância da fisioterapia para melhorar a função pulmonar e a qualidade de vida desses pacientes. Link do conteúdo completo: Jornal Brasileiro de Pneumologia, 32(2):123-129 (2006).
Paralisia Cerebral (Condição Neurológica) – Artigo Científico
Histórico do caso: Pesquisa experimental com 4 crianças (4 a 13 anos) com paralisia cerebral do tipo quadriplegia espástica, todas no nível V do GMFCS (severamente comprometidas na mobilidade, usando cadeira de rodas). Cada criança recebeu 11 atendimentos de fisioterapia respiratória (duas vezes por semana, 30 min cada) aplicando manobras do método RTA. Foram monitorados parâmetros ventilatórios: expansibilidade torácica (cirtometria, filmagem tóraco-abdominal) e medidas de força respiratória máxima (PImáx e PEmáx) antes e após o protocolo.
Resultados: As sessões de RTA foram bem toleradas, sem intercorrências respiratórias durante o estudo. Ao final, observou-se aumento dos valores de pressão inspiratória máxima (PImáx) em todos os participantes em comparação ao início. Isso indica melhoria na força dos músculos inspiratórios após as intervenções com RTA. Os autores concluíram que as manobras do Método RTA contribuíram para melhorar a força muscular respiratória nas crianças com paralisia cerebral avaliadas. Link do conteúdo completo: Disciplinarum Scientia – Ciências da Saúde, 14(1):71–78 (2016).
Taquipneia Transitória do Recém-Nascido (Complicação Neonatal) – Ensaio Clínico
Histórico do caso: Ensaio clínico randomizado com 49 bebês recém-nascidos diagnosticados com taquipneia transitória do recém-nascido (TTRN), condição de desconforto respiratório neonatal comum em prematuros. Os bebês foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu a fisioterapia respiratória convencional neonatal e o outro recebeu intervenções pelo método RTA. Os pesquisadores avaliaram sinais vitais (frequência respiratória, frequência cardíaca, saturação de O₂, temperatura), além de dor, estado comportamental, desconforto respiratório e desequilíbrio da mecânica tóracoabdominal antes e após cada intervenção.
Resultados: Ambos os grupos mostraram parâmetros vitais semelhantes após as terapias, porém o grupo tratado com RTA exibiu melhorias significativas na mecânica respiratória e conforto. Em especial, os recém-nascidos tratados com RTA apresentaram maior elevação do esterno e dos ombros durante a respiração, indicando melhor sincronismo tóracoabdominal, e redução mais pronunciada do desconforto respiratório em comparação à fisioterapia convencional. Concluiu-se que o RTA foi seguro e superior à fisioterapia respiratória convencional nesses recém-nascidos, melhorando a biomecânica ventilatória sem efeitos adversos. Link do conteúdo completo: Fisioterapia Brasil, 18(5):598–607 (2017).
Blogs
Mielite Transversa (Condição Neurológica/Rara) – Relato de Caso Profissional
Histórico do caso: Relato de uma fisioterapeuta sobre uma paciente infantil (6 anos) que sofreu Mielite Transversa, uma inflamação rara da medula espinhal, aos 2 anos de idade. A menina enfrentou graves sequelas neurológicas: chegou a ficar 8 meses internada, precisou de traqueostomia com ventilação mecânica e, após alta, passou a receber cuidados domiciliares intensivos. Quatro anos após o episódio agudo, a criança encontrava-se paraplégica, com bexiga neurogênica e traqueostomizada, porém lúcida e alimentando-se via oral. A fisioterapeuta iniciou reabilitação respiratória diária no domicílio, incorporando o Método RTA no manejo, devido às assimetrias torácicas e fraqueza respiratória da paciente.
Resultados: Com a aplicação diária do RTA, a fisioterapeuta observou melhora importante no quadro respiratório da criança, destacando-se a correção de uma assimetria da caixa torácica que ela apresentava antes. A paciente também obteve melhoras na expansão pulmonar e higiene brônquica, refletidas em menor incidência de complicações respiratórias (apesar de ainda necessitar suporte ventilatório não invasivo intermitente). Esse caso ilustra que, mesmo em condições neurológicas graves como a mielite, o RTA pode auxiliar na reorganização da mecânica respiratória e na manutenção da funcionalidade do tronco, contribuindo para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Link do conteúdo completo: InterFISIO – Relato de Caso (2018).
Alterações Posturais em Crianças (Equilíbrio e Postura) – Blog Profissional
Em um blog de fisioterapia neuropediátrica, são descritos casos de crianças com atrasos no desenvolvimento e problemas posturais que se beneficiaram do método RTA. As crianças apresentavam dificuldades de equilíbrio e alinhamento postural (como desvios na coluna e baixa estabilidade de tronco) decorrentes de condições neurológicas ou hábitos posturais inadequados. Os terapeutas elaboraram programas personalizados de RTA, com exercícios lúdicos e manobras manuais suaves, integrando a respiração ao movimento.
Resultados: Observou-se nessas crianças uma melhora progressiva no equilíbrio e na postura. O método RTA permitiu fortalecer a musculatura do tronco e reeducar a mecânica respiratória, o que levou a um alinhamento corporal mais adequado e redução de compensações posturais. Pais relataram que os filhos passaram a sustentar melhor o tronco e a cabeça, melhorar a coordenação motora e realizar atividades cotidianas com mais autonomia. Essas conquistas ocorrem porque o RTA promove a correção de desequilíbrios musculares e o fortalecimento diafragmático, otimizando a postura e diminuindo tensões na coluna. Link sugerido: Blog Domiciliare.
Relatos Pessoais
Paralisia Cerebral (Infantil) – Depoimento de Mãe
Histórico do caso: Depoimento de Aline, mãe de Michel (4 anos), uma criança diagnosticada com paralisia cerebral desde o nascimento. Michel nasceu prematuro e enfrentou desafios motores e respiratórios significativos nos primeiros anos de vida. Desde bebê, ele passou por diversas terapias para lidar com as limitações impostas pela PC. Ao incluir a fisioterapia pelo método RTA em sua rotina de reabilitação, os pais buscavam melhorias adicionais na função respiratória, postura e independência nas atividades diárias do filho.
Resultados: Segundo o relato da mãe, Michel apresentou uma evolução impressionante na postura e na realização de exercícios físicos após iniciar o RTA. Ele conseguiu aprimorar o alinhamento do tronco e do pescoço, ficando mais estável ao sentar e em pé, o que facilitou sua participação em brincadeiras e terapias. Além disso, a família percebeu Michel mais disposto e com maior capacidade de realizar esforços respiratórios, refletindo-se em menos cansaço nas atividades. A mãe atribui esses avanços ao trabalho cuidadoso da equipe de fisioterapia respiratória global, descrevendo-os como “carinhosos e eficientes” no atendimento ao Michel. Link do conteúdo completo: Método RTA (Cuidado Global).